Aquela imagem que estampa camisetas e inúmeras campanhas publicitárias e paródias, mostrando uma fila de seres que vai de um hominídeo com aspecto símio até o Homo sapiens ereto e elegante não se trata de somente uma simples representação da evolução do homem. Ela mostra uma tendência da nossa vida, a de mudar. Talvez, o nosso estudo da evolução das coisas seja um tanto antropocêntrico, como se tudo se voltasse para chegar onde estamos hoje. Mas, a evolução vista do aspecto biológico, apenas demonstra aquelas espécies que melhor se adaptaram ao momento e o ambiente em que se inseriam.
Se passarmos toda a teoria darwinista para a história das empresas, teremos um quadro que mistura as duas teorias: um de que sobrevivem aquelas empresas que se ajustam ao momento, outra de que sobrevivem aquelas que melhor se adequarem ao seu consumidor, totalmente antropocêntrica.
O homem, ao longo do tempo, não evoluiu somente na sua forma. Ele evoluiu no seu conteúdo, no seu comportamento e na sua aparência. Vide as roupas, o cabelo e os costumes dos últimos 100 anos e fica claro que as pessoas mudam.
As mudanças na aparência são consequência de uma questão estética, que está arraigada às tendências de cada época. Ou seja, as pessoas se parecem com aquilo que elas acham mais agradável para se admirar em seu meio. Assim ocorre com o comportamento. Quando a moda era cheirar rapé, cheirava-se rapé. Em pleno século XXI, então, quantos sabem o que é um rapé?
As empresas que querem sobreviver no mercado precisam mudar, assim como seu público alvo. Assim como as pessoas, as empresas precisam mudar sua aparência e seu comportamento, sua relação com seus consumidores.
As logomarcas das principais empresas do mundo são ícones. Algumas delas são símbolos da cultura pop, como Ferrari, Alfa Romeo, McDonald e Coca-Cola. Os logos mudam com o tempo, se adequando ao aspecto de cada momento cultural. Até a metade do século XX, a maioria das imagens eram mais detalhadas, passaram por uma limpeza na década de 1950, tomaram um tom mais rebuscado nos psicodélicos anos 70, e voltaram a ficar mais limpas no início do século XXI. Mas, dependendo da região e do local, algumas estratégias de marketing são inovadoras, e modificam a identidade visual da marca.
Uma das empresas que possui a marca mais famosa é a Coca-Cola. As letras bem desenhadas, e as cores em vermelho e branco são fixas e muito pouco mudaram desde a reforma dos anos 1950. Mas, exceções existem. No Festival de Parintins, no Amazonas, o refrigerante foi vendido em latas com metade vermelho (normal até aí) e metade azul. Azul, cor da sua principal concorrente, a Pepsi. Como se não bastasse, no estádio Olímpico Monumental e na nova Arena em Porto Alegre, casas do Grêmio, as placas de patrocínio fixas da Coca-Cola no interior do estádio eram em branco em preto, como a marca era pré 1950, ou em azul e branco.
A paixão pelo futebol também moldou as cores do banco Banrisul, do outro lado de Porto Alegre, que modificou do tradicional azul e branco para vermelho e branco.
As marcas são ícones. Mas, eventualmente, elas mudam. A marca da Coca-Cola é um item colecionável. Existem pessoas que compram tudo relacionado ao refrigerante. Um logotipo azul muda alguma coisa? Na verdade, valoriza a marca. Os itens são mais raros, e a empresa fica vista como aquela que se preocupou o suficiente com o mercado consumidor, para estudar a região e conhecer uma rivalidade esportiva, de forma a adotar cores não usuais.
O que o cliente precisa e do que ele gosta? O que precisamos fazer para ajudá-lo a nos ver como uma empresa que se preocupa com seus costumes e seu conforto?
As empresas que, pelo menos, tentam responder estas perguntas já conseguem ser vistas de uma forma mais “carinhosa” pelos consumidores.
Mas, não somente a logomarca chama a atenção dos consumidores. A forma como as empresas tratam seus funcionários, a forma como ela trata seus efluentes antes de jogá-los no ambiente ou as campanhas sociais nas quais ela está envolvida. O consumidor está antenado nas empresas que possuem uma visão global, que não está interessada somente em produzir e vender um produto, mas de vender a certeza de “estar comprando sem causar impactos negativos consideráveis”.
E o que mais as empresas querem vender? Um sonho. Uma emoção. Algumas campanhas publicitárias movimentam o país em brincadeiras e sentimentos que mexem com o coração dos consumidores. Algumas campanhas chamam a atenção neste sentido. Um exemplo, do enterro do carro favorito do bilionário Chiquinho Scarpa, que depois se mostrou uma grande campanha para doação de órgãos.
Uma empresa que é campeã de fazer seus consumidores chorarem na frente da TV, é a companhia de supermercados Zaffari.
E o que dizer da campanha do Boticário?
https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=f6RAFuGMRKU
Essas campanhas dão para as grandes empresas, vistas como corporações capitalistas ferozes, uma cara mais humana e cheia de ternura. Quantos brasileiros viam Chiquinho Escarpa como um playboy sem consciência social e, depois da campanha, tiraram o chapéu para sua atitude? Quantas pessoas no Rio Grande do Sul relacionam a companhia Zaffari com uma empresa familiar? Quantas pessoas passaram a relacionar o Boticário com produtos ligados às relações fraternas?
E quando as empresas querem buscar uma cara, um rosto terno, cheio de amor ou de confiança para lidar com seu público? As grandes corporações não podem estampar suas campanhas publicitárias ou suas embalagens com as imagens de seus executivos cansados, de terno e gravata em cores sólidas. Nesse contexto, o mascote é essencial.
Um mascote, se bem escolhido e inserido de maneira adequada em uma boa campanha publicitária, dá para a empresa um rosto confiável para o público. Quem não conhece o Bibendum da Goodyear? As pessoas podem não saber o nome, mas já viram aquele boneco branquinho, que parece que é feito de marshmellow. Outros que podemos citar são o Ronald McDonald, Tony (o tigre do Sucrilhos), o Bocão da Royal e o franguinho Lequetreque, da Sadia.
Nem sempre mudanças nos mascotes são satisfatórias. Em maio de 2014, a rede McDonald lançou o mascote Happy. A caixinha vermelha com olhos não agradou o público, e muito pouco foi utilizada ou divulgada.
Mais recentemente, a empresa Net Virtua apresentou seu novo mascote. A ideia da empresa é ser simpática com o público. Ao falar de TV a cabo, TV por assinatura, a impressão é que todas as pessoas já se estressam só de pensar em horas no telefone e em uma entidade sem um rosto. O mascote vem neste sentido, dar uma visão mais humana para a empresa, de forma a agradar o consumidor, do mais jovem até o adulto.
Então, campanhas publicitárias bem feitas, logomarcas que fiquem na memória das pessoas como clássicos, mas que não sejam imutáveis e sejam capazes de se reinventar para agradar públicos distintos e, para finalizar, mascotes ligadas a um rosto terno e simpático, podem fazer a empresa ficar marcada como a primeira marca a ser lembrada em um segmento. Fica na cabeça das pessoas, seja no subconsciente ou na escolha criteriosa. Estudar o público a que o produto se destina em cada local de atuação pode valer a pena. Um bom produto, aliado a uma empresa que é vista como familiar, preocupada com a saúde, com a sociedade, com a felicidade e com o ambiente é garantia de sucesso.
Artigo tirado do site LAPAROLA
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